quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

o drama da lagarta


há pelo menos um mês acompanhamos aqui em casa um drama, uma verdadeira novela do reino animal, com direito a reviravoltas e tudo, cujo final, por incrivel que pareça, ainda pode surpreender. Trata-se de uma lagarta, peluda, repulsiva como toda a lagarta costuma ser. Bicho intratável, intocável (lembra que ela queima), Primeiro se encontrava toda perigosa sobre o teto da minha garagem, não representava risco, estava alta, mas mesmo assim, a bichinha impunha sua autoridade, não me toque, senão eu toco foco. Um dia ela parou, bem na soleira na porta, congelada, dura, parecia petrificada. Aos poucos foi pendendo para baixo, perdeu sua cor escura, como se o negro fosse desbotando, como se, todo aquele fogo escondido dentro dela ficasse silencioso. Ao passo que, sua pele foi ficando cinza, um cinza de estátua mesmo. A lagarta estava aprendendo sua própria transformação. Depois disso, ela ficou pendurada, bem no centro da minha porta. e aquilo que era motivo de medo e repulsa, tornou-se nosso mistério diário, nossa poética novela. Acordamos e quase que instantaneamente vamos ver se a lagarta finalmente tornou-se borboleta, se abandonou seu casulo, se resolveu também nos abandonar. Ela ainda continua lá, conspirando contra sua feiúra inicial, tornando bonita, elegante, com asas. E nós aqui, aguardando cheio de esperanças as outras transformações esse bichinho vai nos provocar...

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